sexta-feira, 12 de julho de 2013

Escrita Criativa III

Outra versão, AQUI


Liste 10 razões para nunca escrever a história da sua vida. Depois escolha uma e explore-a.

1.      Eu não a quero contar;

2.      Vocês não a querem ouvir;

3.      Sff. ver item Nº2;

4.      Conf. item Nº 1;

5.      Porque não e pronto;

6.      Idem;

7.      Aspas;

8.      Outra vez?

9.      Não conto. Caluda.

10.   Ponto final.

Razão Nº2:

Vocês não querem ouvir que nasci num dia igual aos outros, depois de mais ou menos 40 semanas no útero de minha mãe e que resultei da fusão de um óvulo com um espermatozoide aleatório do meu pai (aposto que se rompeu a borracha). Não querem saber que nasci com 2500g, sei lá quantos cm (telefono à minha mãe?) e que, já na altura, não devia nada à beleza. Mudariam logo de canal se começasse a dizer que fui filha única dez anos, mimada até à má-criação e que bastava apontar o indicador para ter tudo o queria. Não estão interessados em conhecer – e, por isso, nem eu interessada em contar - que passei pela fase de maria-rapaz (passei?), com corte de cabelo à tigela e que usava sandálias com meias brancas até ao joelho. Não querem, de todo, saber que a partir da adolescência (menstruação, estrias e acne a partir dos 13 anos) fui engordando como um elefante, característica que até hoje me define, e que a primeira relação sexual foi aos 16 anos, como “prémio” (prémio?) de uma aposta entre rapazes (todos feios e mal cheirosos – viesse o Diabo e escolhesse). Não vos digo, pelo motivo já esclarecido no Nº 2, que não quis ir para a faculdade, que acabei o 12º ano com média de 14 valores e fiquei em casa a receber o rendimento mínimo e sempre que me chamam para entrevistas arranjadas pelo centro de emprego, masco descaradamente pastilha elástica e faço questão em tirar um ou outro “macaco” do nariz e dizer que tenho um filho menor (mãe solteira, obviamente) que está sempre doente, que apanha as viroses todas da creche: (por isso) nunca trabalhei. Também nunca fiz nenhum filho, escrevi um livro ou plantei uma árvore. A história da minha vida vale zero; eu não a quero contar - (porque) vocês não a querem ouvir.

PS: Não digo, porque ninguém quer saber, que andei dois anos a levar apalpões e beijos na boca da prostituta (e puta) da freira da catequese. Juro que não digo. Chiiiiiiu. Caluda.

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